A psicometria é o ramo da psicologia responsável pela medição e posterior avaliação das variáveis psicológicas, inclui o desenvolvimento de critérios de medição e a forma em como as variáveis em questão são medidas.
Podemos encontrar as origens da psicometria na consolidação do primeiro laboratório de psicologia experimental em Leipzig, Alemanha em 1879 por Wilhem Wundt; nela, fenômenos como sensação, percepção, atenção e tempo de reação foram medidos por meio da observação de respostas orgânicas. Posteriormente, Francis Galton, interessado nas diferenças individuais, realizou testes físicos e sensoriais que iam desde a medição da força muscular até a discriminação cinestésica; para analisar essas medidas, ele se baseou em métodos estatísticos e estabeleceu intervalos e médias de variância, estabelecendo assim as bases metodológicas da psicometria.
Um de seus alunos, Charles Spearman, desenvolveu alguns dos tópicos mais importantes para psicometria, teoria da confiabilidade do teste, análise fatorial exploratória e Teoria Clássica do Teste (CTT). Por outro lado, McKeen Cattell, que foi discípulo de Wundt e depois de Galton, estaria interessado na avaliação do funcionamento intelectual por meio da mensuração das funções sensório-motoras. Para tanto, criaria uma bateria de 50 testes com o objetivo de determinar o alcance, a precisão e a condição dos processos psicológicos. Assim, Cattell seria o primeiro psicólogo a propor o uso de baterias de testes para avaliação psicológica.
Por sua vez, Alfred Binet fez grandes contribuições para a área de medição psicológica, em primeiro lugar, ele desenvolveria um teste de inteligência, que, ao contrário dos estudos de Galton e Cattell, não mediria funções sensório-motoras, mas usaria testes testes mentais para determinar a capacidade de compreender e raciocinar. Da mesma forma, ele estabeleceu que todos os testes psicológicos devem ter 3 características essenciais: serem tarefas simples, serem rapidamente aplicadas e que seus resultados possam ser observáveis e contrastáveis por outros observadores. Essas características, principalmente a última, permitem que os resultados obtidos sejam replicados e contrastados por outros avaliadores; esta acaba por ser a base da padronização dos testes psicológicos, o que é essencial para a psicometria.
Assim, com o passar do tempo, novos testes psicológicos foram criados para diagnosticar, classificar ou simplesmente compreender a natureza dos fenômenos cotidianos; Consequentemente, foi necessário desenvolver técnicas e ferramentas que tornassem a psicometria um dos ramos mais robustos e importantes da psicologia atual. Particularmente na América Latina, a psicometria foi um dos pilares da pesquisa psicológica porque era necessário traduzir e padronizar testes psicológicos da América do Norte e/ou Europa e, eventualmente, pesquisadores latino-americanos começaram a desenvolver seus próprios testes psicológicos.
Medição. Na psicologia e na maioria das ciências sociais, a medição é a atribuição de um valor numérico aos atributos que uma pessoa pode possuir. Um atributo deve ser entendido como entidades não físicas que se expressam no mundo físico através de comportamentos (por exemplo, traços de personalidade, QI, depressão e/ou ansiedade, etc.)
Confiabilidade. A confiabilidade de um teste é o grau em que o sistema de medição produzirá o mesmo resultado em amostras com as mesmas características. Entre as principais formas de avaliar a confiabilidade está a verificação da consistência interna do teste por meio do coeficiente alfa de Cronbach; mas não podemos esquecer que é possível encontrar outras estratégias como o teste-reteste ou o método das metades.
Validade. Este é possivelmente um dos conceitos que mais mudou em sua definição, porém, geralmente é entendido como o grau em que um teste mede com precisão o construto que se pretende medir. Da mesma forma, atualmente fala-se de evidências de validade, e as fontes mais comuns disso são o conteúdo do teste, o processo de resposta, a estrutura interna do teste e a associação com outras variáveis.
Estandardização. Processo no qual são estabelecidos os procedimentos de aplicação, qualificação e interpretação de um teste psicométrico. A interpretação é realizada comparando a pontuação obtida com a pontuação de outras disciplinas ou, com as pontuações localizadas na tabela de normas ou escalas. Esse processo é o que permite a replicabilidade e comparação dos resultados entre pesquisadores e avaliadores.
A partir do exposto, é possível identificar dois objetivos essenciais da psicometria. Em primeiro lugar, é responsável por fornecer os meios para que a mensuração psicológica seja adequada; portanto, devem: 1) apresentar modelos representativos do objeto de estudo; 2) validar esses modelos e determinar o grau em que eles representam a realidade; 3) estabelecer as condições ótimas para o processo de medição, ou seja, construir os instrumentos necessários, bem como as instruções para sua aplicação e interpretação.
Artigo de: Marcoantonio Villanueva Bustamante. Licenciado em Psicologia, formado pela Faculdade de Psicologia da UNAM, México. Doutor em Psicologia pela UFRO, Chile. Investigador independente que faz parte de várias equipes de pesquisa no México e no Chile.
Referencia autoral (APA): Villanueva Bustamante, M.. (Dez. 2022). Conceito de Psicometria. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/psicometria/. São Paulo, Brasil.
