Paleobiologia é a ciência que estuda diversas formas de vida baseadas em fósseis. Compreender como a vida evoluiu na Terra ao longo de milhões de anos não tem sido uma tarefa fácil, até porque, na própria história da humanidade, nossos ancestrais começaram a registrar acontecimentos há apenas alguns séculos e com métodos e escritos pouco confiáveis, dignos da subjetividade poética com qual a natureza foi observada antes do desenvolvimento de um método científico mais objetivo e, claro, a falta de tecnologia de que desfrutamos atualmente. Apesar do que representaram estas grandes adversidades no final do século XIX, Charles Darwin aventurou-se a contemplar as semelhanças e diferenças entre espécies potencialmente relacionadas, com entusiasmo suficiente para lançar as bases que muito oportunamente tornaram possível a evolução dos estudos sobre a origem da espécies.
As origens evolutivas
A descoberta de restos fósseis é sempre apresentada como um evento de grande satisfação para os paleobiólogos, pois entre um conjunto de ossos, silhuetas gravadas nos diversos materiais que compõem o solo e os restos de organismos detidos no tempo pelas resinas e pelo gelo, tem-se reconstruído a história vivida por nossos antecessores, com encontros que têm possibilitado elucidar até agora apenas uma parte dos acontecimentos mais contundentes que fragmentaram o curso da evolução da vida, sobre um planeta tão dinâmico e mutável quanto o próprio desenvolvimento das espécies, demonstrando o vínculo inseparável existente entre os fenômenos geológicos e os biológicos, e a extraordinária capacidade que os organismos vivos desenvolveram para enfrentar todo tipo de adversidades, a ponto de conseguir se recuperar uma e outra vez após as grandes extinções, revelando com isso em primeira instância a inexistência de uma linearidade exclusiva dentro dos parâmetros evolutivos, o que deixou em um passado muito agradecido à simplicidade darwiniana das primeiras hipóteses que despertaram a curiosidade sobre o surgimento e as mudanças de cada uma das formas de vida.
Extinção e ressurgimento da vida
A visão de longo prazo a partir da qual a paleobiologia contempla a realidade dos fatos possibilita a busca e interpretação de evidências fenomenológicas sobre o planeta, fornecendo informações de grande valor para o enfrentamento de problemas contemporâneos tão transcendentais como a conservação das espécies e a previsão das causas e consequências das alterações climáticas, em prol do desenvolvimento e implementação de políticas e estratégias que nos orientem no sentido da redução dos efeitos causados na dinâmica terrestre, evitando assim a perda desnecessária de espécies, embora as evidências paleobiológicas e a clara amplitude da biodiversidade atual demonstrem a extrema capacidade que a Terra e a vida nela têm de recuperar o seu próprio equilíbrio, algo que ética e moralmente não nos exime da responsabilidade que temos por termos alterado desnecessariamente negativamente o curso evolutivo do planeta, embora aparentemente, o nosso impacto possa ser matematicamente insignificante em comparação com o causado por um meteorito gigantesco e com o fato de a própria vida ter conseguido ressurgir após uma extinção em massa catastrófica em mais do que uma ocasião.
Importância multidisciplinar
A atitude transdisciplinar que a ciência tem assumido nas últimas décadas, com a vontade dos cientistas de se tornarem cada vez mais flexíveis na partilha das suas descobertas, incentivando o desenvolvimento de um trabalho em equipa que integre não só conhecimentos diversos, mas também abordagens múltiplas, direcionou a ciência moderna para a abertura de subáreas de pesquisa como a paleobiologia, que por sua vez gera contribuições a partir da análise de fósseis para múltiplas outras áreas e estudos como:
1) filogenética, elucidando as relações parentais das espécies;
2) sistemática, através da identificação e classificação de organismos extintos, alimentando também a taxonomia;
3) ecologia, pois compreende a dinâmica sob a qual a vida foi governada em épocas passadas e gera modelos para a reconstrução teórica de ecossistemas antigos;
4) a evolução como ramo biológico, devido à sua ênfase na busca de registros fósseis e das evidências que a sustentam e lhe permitem progredir no desenvolvimento de respostas sobre as origens da vida;
5) a exploração da história geológica e climática do planeta, à medida que você faz descobertas das informações que cercam os vestígios que procura;
6) a identificação dos padrões de extinção e suas causas ao longo das eras geológicas;
7) a descoberta dos traços evolutivos que permitem a formulação de hipóteses sobre os processos de adaptação das espécies, e a correlação destes com as mudanças climáticas e ecológicas ao longo da história evolutiva do planeta que deram origem ao desenvolvimento do vasta biodiversidade passada e presente.
Artigo de: Serena Cuoghi. Professora graduada em Biologia pela UPEL. Docente especialista em dificuldades de aprendizagem. Experta em PNL e Superaprendizagem. Trabalha em Ciências Biológicas, e é pesquisadora em Biodecodificação.
Referencia autoral (APA): Cuoghi, S.. (Março 2024). Conceito de Paleobiologia. Editora Conceitos. Em https://conceitos.com/paleobiologia/. São Paulo, Brasil.
